meta name="robots" content="noindex" /> Contraculturalmente: LITERATURA DE CULTO 7: A ESPUMA DOS DIAS



LITERATURA DE CULTO 7: A ESPUMA DOS DIAS

Boris Vian foi um senhor Francês nascido em 1920 e falecido em 1959. Entre outras coisas, foi escritor, cantor, trompetista de Jazz e um espírito rebelde.



Apaixonado pelo Jazz e pela cultura Norte-Americana (apesar de nunca ter colocado um pé no continente), Boris Vian escrevia muitas vezes romances policiais sob o pseudónimo Vernon Sullivan, romances esses que lhe granjearam admiração e ódio um pouco por toda a parte. Enquanto isso, as suas obras mais pessoais, assinadas com o seu próprio nome, eram relegadas para segundo plano, por serem demasiado estranhas para a época, aliás como o próprio Vian o foi. A titulo de exemplo, consta que um dia, Boris dirigiu-se ao escritório da empresa de águas Evian, sugerindo que adoptassem o seguinte slogan: "Evian, L'eau de Vian!" A empresa não gostou da ideia e Vian foi expulso do edifício prontamente.

Após a sua morte, Vian foi adoptado como escritor fetiche pelos estudantes Franceses dos anos 60, e o surrealismo das suas obras recebeu finalmente a devida valorização. Gostaria de sugerir O Outono em Pequim ou As Formigas, mas o mais fácil de encontrar por aí será certamente a sua obra mais afamada, A Espuma dos Dias.



A Espuma dos Dias é um exercício sobre o amor e o absurdo. É a típica história de um homem que se apaixona por uma mulher que entretanto contrai uma doença e começa a definhar perante os seus olhos. Porém, todas as personagens mantém conversas apáticas e desprovidas de emoção, e os diferentes estados de espírito são transmitidos pela paisagem envolvente. Tudo muito estranho, impossível e surreal, mas ao mesmo tempo bonito e poético.

É preciso imaginação fértil para conseguir ler uma obra deste tipo. A primeira parte é luminosa e traz-nos sentimentos de liberdade. Relembro a cena em que Colin se apaixona por Chloe. Ambos estão a ver montras com restos de vacas, mantendo uma conversa monocórdica, e ao mesmo tempo uma nuvem desce do céu e levanta-os pelo ar, simbolizando a chegada do amor... A segunda parte do livro é escura e húmida, levando-nos para um buraco com as personagens. Chloe adoece (aparece-lhe um lírio num pulmão) e à medida que a sua doença piora, as divisões da sua casa vão-se tornando mais pequenas e sombrias... Brilhantemente escrito, A Espuma dos Dias é a maior dor de cabeça que um tradutor poderá ter, e ao mesmo tempo uma leitura obrigatória para todos os que gostam de deixar a sua mente a divagar e a passear bem alto enquanto o corpo fica preso ao chão. Fácil de encontrar em qualquer livraria.

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dezembro 05, 2005
Blogger Papo-seco relatou...

A espuma dos dias e o Outono em Pequim
são um "dos meus livros" que sempre me acompanharam em todas as mudanças, fossem elas de casa, de namorada ou de mulher.

Continuam a resistir e a ser revisitados.

Muito bom gosto neste blog "isto já um pleonasmo" mas nunca é demais deixar aqui dito :)    



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