meta name="robots" content="noindex" /> Contraculturalmente: julho 2006



OUTROS CULTOS 14: VIVMAR

domingo, julho 30, 2006
Amêijoas. Amo amêijoas! Amo-as a todas! Amêijoa de cão, amêijoa de gato, amêijoa boa, amêijoa pé de burro, amêijoólas, amêijoa macha, amêijoa turca. Grada. Média grada. Pequena não, que não gosto de criancinhas. De viveiro. Da ria. Do supermercado. Apanhada à mão. Apanhada de arrasto. Amêijoa crua com limão. Amêijoa cozida em água salgada. Amêijoa na cataplana. Se pudesse, casava-me com uma amêijoa. Depois comia-a e enviuvava. E assim passaria uma eternidade a chorar por mais.

O melhor sítio para comê-las em Portugal é uma pequena taberna em Faro, que também é simultaneamente a Associação dos Viveiristas e Mariscadores da Ria Formosa - Vivmar.



Situada no local onde em tempos funcionara a lota de Faro, a Vivmar é uma associação criada pelos viveiristas e mariscadores que ganham o pão para a boca nos canais e esteiros da Ria Formosa, com o propósito de defender os seus interesses económicos e profissionais, bem como a Ria em si, importante laguna escolhida como maternidade para muitos peixes do Atlântico e local de repouso para as aves migratórias que por ali passam.

A sua sede, o pequeno café situado perto do cais da Porta Nova, mesmo colado ao centro histórico de Faro, é um verdadeiro museu vivo, bem à portuguesa: os diversos apetrechos relacionados com a pesca e o marisqueio estão dispostos anarquicamente pelas paredes da tasca, com uma pequena legenda em cada um. Xalavares, covos, tapa-esteiros, murejonas, um sem número de artes de pesca prestes a serem engolidas pela inevitável expansão turística que transforma o Algarve num colónia inglesa solarenga. Mais importante, a presença dos verdadeiros mariscadores, com os seus tiques e historietas, atesta a singularidade e valor desta instituição.

Adoro os finais de tarde no Verão, quando depois de ter passado o dia inteiro a aturar turistas em vários idiomas, passo pela Vivmar para me deliciar com um prato de amêijoas e uma imperial enquanto o sol enfraquece. Não há nada melhor!

Para quem está a pensar visitar o Algarve nos próximos dias (ou seja, 90 % da população portuguesa), saiba que se encontra a decorrer neste preciso momento (e até dia 7 de Agosto) a XIII Festa da Ria Formosa, organizada precisamente pela Vivmar. Uma excelente oportunidade para atestar a qualidade das amêijoas, assim como o arroz de lingueirão, os camarões e lagostins, as ostras, as conquilhas, os tremoços (?), tudo bem regado com cerveja e vinho ao som da bela da música Pimba!



Uma maravilha de Portugalidade! Assim até dá gosto viver no Algarve!

Porra!!!!!!

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FILME DE CULTO 14: TROMEO AND JULIET

quinta-feira, julho 27, 2006
O ódio entre as famílias Que e Capulet já subsiste há incontáveis gerações. Tromeo Que é um pobre punk, cheio de tatuagens e piercings. Juliet Capulet é uma menina rica vegetariana que é forçada pelo seu pai a casar com um talhante, ao mesmo tempo em que desenvolve uma relação lésbica com a cozinheira da família. Quando os Capulet organizam um baile de máscaras, Tromeo consegue infiltrar-se na casa da família rival mascarado de vaca, e conhece Juliet. O amor nasce no meio do ódio. Shakespeare deve estar a dar voltas no seu túmulo. Eis Tromeo and Juliet.




A adaptação do clássico inglês, pelo presidente da Troma, Lloyd Kaufman, é um atentado ao bom gosto e à intocabilidade do dramaturgo William Shakespeare. Um filme de baixíssimo orçamento, Tromeo and Juliet é grosseiro e violento, mas também é provavelmente um dos melhores filmes de série-B de sempre. Temos aqui exploitation, humor, escatologia, soft-core, gore e, supreendemente, uma belíssima história de amor. Destaque também para a realização de nível superior (para filme da Troma) e para a utilização do texto de Shakespeare quando os actores principais contracenam (nota-se perfeitamente que estão a ler o teleponto, mas isso é um pormenor irrelevante).





Não sendo uma adaptação fiel ao original, Lloyd Kaufman consegue conferir ao seu filme todo o espírito e energia de Romeo e Julieta. Isto é, se ignorar-mos as cenas onde se vêm mamilos a serem furados, ou pénis gigantes, ou mulheres a dar à luz pipocas, ou decapitações e desmembramentos, ou roedores enforcados, ou o facto do pai da Juliet ser um pedófilo incestuoso que gosta de trancar a filha numa jaula... Tirando isso, quem gostar de violência e sexo e não se enojar com cenas de bestialidade e projecção de vómito, tem aqui um agradável filme para a família! Procurai-o pois, petizada!




Uma curiosidade, a narração está a cargo de Lemmy, vocalista da banda Motörhead.

Trailer:

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MÚSICA DE CULTO 14: YEAH YEAH YEAHS

sexta-feira, julho 21, 2006
Aviso: Este meu texto poderá ser considerado tendencioso (como se todos os outros não o fossem), mas assumo-me aqui como fan-boy incondicional dos Yeah Yeah Yeahs e por isso peço perdão se isto descambar para a lamechice.




Os Yeah Yeah Yeahs são o trio Nova-Iorquino que agradam tanto a Punks como a Indies como a Rockeiros como a ouvintes ocasionais, tal é a variedade de sons apresentados nas suas composições. Formados em 2000, esta banda lançou dois estranhíssimos EPs até ao lançamento do álbum de estreia, Fever to Tell, de 2003. Aí, caiu a bomba. O Garage-Punk com mais de 2 acordes, o Noise bem guinchado, o Rock e a Pop cantados sem mácula, tudo feito com guitarra, bateria, voz e sintetizadores. Toda a postura distanciada e desinteressada da banda despertou a curiosidade de um mundo melómano ávido de novidades, e a postura "Fuck Me" da carismática vocalista Karen-O seduziu muito jovem com fetiche por White Trash.

Já este ano, os YYY editam o segundo disco, Show Your Bones.



Radicalmente diferente do seu antecessor (e igualmente bom) Show Your Bones é a bonança depois da tempestade rítmica do álbum de estreia. Neste disco, há um inédito destaque para a guitarra acústica, aliado a um também inédito sentido de disciplina e ordem ausente anteriormente. Há por aqui mais doçura, mais calma, mais harmonia. O que não impede Show Your Bones de ser um álbum Rock à séria, pleno de ambientes estranhos e lamacentos, como se a banda se estivesse a conter para não explodir numa orgia de distorção. Um perfeito exemplo na música Cheated Hearts, uma balada na qual estamos sempre à espera por uma explosão sonora que tarda em chegar. O primeiro single, Gold Lion, é uma música calma com o crescendo sonoro envolvente que emana Punk por todo o lado. Já em Honeybear, temos um momento musical altamente dançante que abranda a espaços como se os YYY medo de se espandirem demasiado.

Show Your Bones é um disco nervoso, porém confiante a nível lírico, mostrando uns Yeah Yeah Yeahs estão mais crescidos e vividos. Sejam eles um nome para ter em conta no futuro ou separem-se daqui a um mês, nem todas as bandas conseguem criar dois álbuns geniais logo no início da carreira. Palmas!

Dia 16 de Agosto, os Yeah Yeah Yeahs vão actuar no Festival Paredes de Coura. Aparecam por lá e abanem os vossos ossos enquanto podem, que o nível do Ozono anda alto e o sol da praia apodrece-os...

Video: Cheated Hearts

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BD DE CULTO 14: DIM-WITTED DARRYL

segunda-feira, julho 10, 2006
Se Ran-Tan-Plan é o cão mais estúpido que a sua própria sombra, Dim-Witted Darryl é o mamífero mais idiota à face da terra!




De Michael Bresnahan e publicado pela Slave Labor Graphics (acho que já deu para perceber que compro tudo com o logotipo da SLG na capa), Dim-Witted Darryl narra as aventuras de um "miúdo" de 28 anos que estuda no 4º ano e que continua a ser amamentado pela mãe e a usar fraldas. Darryl é só um bocadinho lento e as suas aventuras giram em torno dos problemas levantados pela sua estupidez, relembrando-nos da nossa inocência infantil.



O pai de Darryl nutre pela sua cria um ódio profundo, chegando mesmo a vendê-lo por 50 cêntimos e ainda oferecendo um cão de loiça como bónus. Os seus compradores acabam por mandá-lo para o caixote do lixo ao se aperceberem da sua estupidez crónica.

Dim-Witted Darryl encontra-se com alguma dificuldade em lojas de comics. Este livro em especial não teve o sucesso merecido e como tal para o encontrar só mesmo tropeçando nele por mero acaso. Não está especialmente bem escrito e a arte nem é nada do outro mundo, mas é um livro inocente, e a sua beleza reside aí. Um regresso doentio à infância.

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LITERATURA DE CULTO 14: THE PYTHONS AUTOBIOGRAPHY BY THE PYTHONS

quarta-feira, julho 05, 2006
E agora para algo completamente diferente, um livro dos Monty Python.

The Pythons Autobiography By The Pythons é uma obra essencial para a compreensão daquilo que foram os Monty Python, fenómeno com mais de 40 anos que ainda hoje atrai novos públicos.

Um livro grande e pesado com centenas de fotografias e dados estatísticos, esta biografia oficial consiste na compilação e contextualização de entrevistas dadas por todos os membros da trupe (incluindo o há muito falecido Graham Chapman), sobre assuntos que vão desde os seus anos de infância, até ao seu desmembramento e mais além, passando obviamente pelo Flying Circus, pelos filmes e discos, pelos especiais em alemão. A qualidade das fotografias é inegável, com bastantes raridades para apreciadores dos Python e um detalhe tal que assegura a longevidade de um livro já de si enorme, e esta visita aos bastidores dos génios da comédia non-sense demonstra bem a originalidade e autenticidade do grupo, anos-luz à frente do seu tempo.

Os Python reunidos (Chapman está dentro da urna dourada)


O livro está estruturado como se fosse uma das animações de Terry Gilliam, e todos os membros lançam farpas uns aos outros como se ainda estivessem juntos. É esse o sentimento que o livro passa. Apesar de se terem separado oficialmente em 1982, os Monty Python vivem! Fãs dos Python, não se acanhem com o preço deste livro se o virem à venda...



Comprei o meu na Ghoul Gear, em Faro. Provavelmente a Fnac também o terá. Apenas disponível em Inglês, e não inclui absolutamente nada sobre o musical Spamalot.

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