meta name="robots" content="noindex" /> Contraculturalmente: janeiro 2006



OUTROS CULTOS 8: MISTERY SCIENCE THEATER 3000

sexta-feira, janeiro 27, 2006
Mistery Science Theater 3000 foi um original programa de televisão que passou nos Estados Unidos entre 1988 e 1999, atingindo um culto gigantesco no seu país de origem, apesar de infelizmente não ter conseguido atingir sucesso nos poucos países por onde passou.

O programa consistia num homem preso numa nave espacial, tendo como única companhia uma trupe de robôs que ele próprio construíra. O motivo pelo qual este homem havia sido encarcerado era simples: Um par de cientistas obrigavam-no a visionar filmes de série B particularmente maus, com o intuito de encontrar o pior filme do mundo, capaz de levar uma pessoa à loucura, e com esse mesmo filme lançar um ataque no planeta Terra e escravizar a raça humana. O jovem prisioneiro servia, assim, de cobaia.

Assim sendo, neste programa essencialmente o telespectador tem a oportunidade de ver verdadeiros filmes de série B num ambiente próximo de uma sala de cinema. No canto inferior direito, o prisioneiro e dois dos seus robôs acompanham e comentam o filme à medida que a acção se desenrola, transformando aquilo que seria uma verdadeira tortura em momentos puramente hilariantes. Basicamente, o mesmo que acontece quando um grupo de amigos se junta para o visionamento de um destes filmes...



Três pessoas no escuro a ver filmes horríveis, por incrível que pareça, durou 11 anos, deu origem a um total de 198 episódios e um filme, e ainda hoje é tido como referência por todos os amantes de filmes de série B, funcionando como um autêntico "guia do filme mau". Tudo isto atesta a qualidade de MST3K. É uma pena que nenhum dos canais da nossa televisão por cabo ainda não se tenha lembrado de passar esta série em Portugal. Enquanto isso não acontece, podem ir encomendando os DVD a partir da Amazon, mas não sem antes sacarem alguns episódios da internet. Sugiro particularmente os episódios Space Mutiny e Manos, The Hands of Fate (sendo este último um filme intragável e das coisas mais chatas que já tive oportunidade de ver, mas que se torna incrivelmente divertido após o "tratamento" MST3K).

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FILME DE CULTO 8: A MORTE CHEGA DE MADRUGADA

segunda-feira, janeiro 23, 2006
Bem antes do mega-blockbuster Spiderman, Sam Raimi realizou em 1981 um pequeno filme do mais puro terror intitulado Evil Dead, filme esse que marcaria a sua estreia na cadeira de realizador. Em 1987, Raimi resolve voltar a pegar no seu "primeiro filho", e surge a sequela/remake (riscar o que não interessa) Evil Dead 2: Dead By Dawn (Em Português, A Morte Chega de Madrugada).



No primeiro Evil Dead acompanhamos a aventura de um grupo de estudantes universitários presos numa casa assombrada, sendo atacados por todo o tipo de monstros e aberrações, após terem descoberto por acaso o Necronomicon Ex Mortis, o livro dos mortos. No final da primeira aventura, só Ash (Bruce Campbell, Deus entre os actores de série B) sobrevive.

Evil Dead 2 começa com Ash a regressar à mesma casa onde havia perdido todos os seus amigos, acompanhado pela sua namorada Linda (que havia sido brutalmente decapitada no filme anterior, mas isso é um pormenor pouco relevante, pelos vistos...), com o intuito de passar um fim de semana romântico, apenas para inadvertidamente voltar a despertar o mal contido no Necronomicon... Esquecimento? Erro de continuidade? Pura estupidez? Não se percebe muito bem ao certo. Eventualmente, juntam-se na mesma casa a proprietária da mesma, o namorado dela e um par de saloios encontrados no meio da estrada, tudo carne para canhão para o exército das trevas que sairá do portal criado pelo livro dos mortos.

Enquanto no primeiro Evil Dead temos um grande filme de terror filmado com baixíssimo orçamento, Em Evil Dead 2 temos um bom filme de terror misturado com uma excelente comédia física, fruto do desempenho de Bruce Campbell, o maior herói de acção de todos os tempos, ponto final! É hilariante e perturbador ao mesmo tempo quando observamos a luta entre Ash e a sua própria mão possuída pelo demónio ao longo de toda a película, os requintes de malvadez enquanto o actor principal ri diabolicamente ao amputar a sua própria mão com uma motosserra apenas para a mesma regressar para o atacar quando menos espera e assassinar os seus companheiros de jornada.



No final do filme, só Ash sobrevive, sendo sugado com a sua motosserra e caçadeira de canos cerrados para uma Inglaterra Medieval, abrindo caminho para a terceira parte da série Evil Dead, da qual falarei numa próxima oportunidade...

A Morte Chega de Madrugada pode ser encontrada na Fnac, por enquanto. Porém, este estabelecimento rapidamente coloca produtos mais underground como este fora de circulação sem aviso prévio, portanto, se sabem do que eu estou a falar, comprem-no já antes que o percam de vista. Caso contrário, se nunca ouviram falar deste filme e gostam de sustos e de rir com a desgraça alheia, saquem-no da net.



Trailer:

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MÚSICA DE CULTO 8: QUEEN ADREENA

quarta-feira, janeiro 18, 2006
O medo transformado em música. Eis os Queen Adreena!



Em meados dos anos 90, existiu uma banda londrina de Rock Alternativo intitulada Daisy Chainsaw, onde militavam Katie Jane Garside e Crispin Gray. A sua música escura e suja alternava com as flores no cabelo e o ar de menina perdida de Garside, e as actuações levavam a que muito boa gente questionasse a sanidade mental da vocalista, quando a mesma rasgava totalmente as suas roupas em palco ou surgia de cabeça envolta em ligaduras ensanguentadas. Durante alguns anos, esta banda escolheu manter-se à margem do sucesso comercial, apesar das constantes tentativas de contrato por parte de editoras como a Maverick. Até que, em 1993, Katie Jane acabou por sair da banda, exilando-se no País de Gales para se tratar mentalmente. Os Daisy Chainsaw acabaram por sucumbir alguns anos depois.

Em 1999, Crispin Gray e Katie Jane Garside voltam a encontrar-se casualmente. Começam a criar música juntos, e daí surgiram os Queen Adreena, uma continuação natural dos extintos Daisy Chainsaw, levada ao extremo. Com edições discográficas regulares desde a sua criação, esta banda é praticamente desconhecida pelo mundo fora, granjeando de um culto significativo no Reino Unido. O seu terceiro trabalho intitula-se The Butcher And The Butterfly.



The Butcher And The Butterfly é um album Rock, Industrial, Gótico, Indie, o que lhe quiserem chamar. Possui momentos de distorção e violência (Medecine Jar), ao mesmo tempo que existem também momentos de doçura envenenada (Childproof). O que se destaca nos Queen Adreena, mais do que o som, é a voz de Katie Jane. Sussurrada, frágil, por vezes falha e desafina como se fosse uma criança perdida já sem forças para chorar. Dá vontade de pegar nela e protegê-la (oiça-se os Lalalalalala infantis em Suck)... Até que se solta! E grita como se lhe estivessem a espetar uma faca no coração! E assusta! E arrepia! E à medida que a intensidade da guitarra, do baixo e da bateria aumenta, quem fica frágil e com vontade de se esconder somos nós. Garside passa de vítima a atacante numa questão de segundos, e as composições dos Queen Adreena absorvem-nos por completo! Um album com uma química muito própria, uma limpeza do espírito, o medo transformado em música, a música transformada em libertação!

The Butcher And The Butterfly, bem como toda a discografia dos Queen Adreena, só se encontra editado no Reino Unido. Porém, encontrei-o por acaso numa estante da Alquimia, na última vez que fui a Leiria...

Video: Medicine Jar

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BD DE CULTO 8: BATMAN - ASILO ARKHAM

terça-feira, janeiro 10, 2006
Na secção Bd de Culto deste mês, trago-vos um dos maiores anti-heróis da 9ª arte, Batman, numa aventura que se destaca pelo traço do seu desenho e principalmente pelo invulgar argumento para um herói main-stream. Falo-vos de Asilo Arkham.



O Asilo Arkham é o local onde são encarcerados todos os loucos criminosos de Gotham City. Ao serem demasiado perigosos para serem colocados numa prisão normal, abandonam-nos no asilo, onde ficam eternamente a apodrecer. A situação muda quando Joker toma conta de Arkham, e juntamente com um grupo de outros prisioneiros, ameaça assassinar todos os seus reféns caso Batman não se junte a ele. O morcego vê-se assim obrigado a confrontar o seu maior rival num asilo onde todos o odeiam, e é atacado pelos mesmos criminosos que ajudou a colocar lá dentro. Com um ritmo louco e alucinado, a verdadeira estrela desta obra acaba por ser o próprio Asilo, possuindo uma atmosfera muito negra e assustadora que envolve tanto o cavaleiro das trevas como o próprio leitor.



Batman - Asilo Arkham foi escrito há 15 anos por Grant Morrison e estupendamente ilustrado pelo mestre Dave McKean. Recentemente editado pela Devir, poderá ser encontrado na Shop Suey Comics, Rua Barão de Viamonte nº 50, 2400 Leiria. Contacto: shopsueycomics@iol.pt

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LITERATURA DE CULTO 8: COMO ME TORNEI ESTÚPIDO

terça-feira, janeiro 03, 2006
A estupidez sempre foi um tema que me atraiu bastante. A raça humana sempre se destacou das demais pelo engenho, pela necessidade de criar para sobreviver. Inventou-se a roda, criou-se o vestuário, domou-se o fogo e o lobo, destilou-se o álcool, nasceu o queijo, o alcatrão, as pilhas alcalinas e os chapéus, entre mais uma ou outra coisa sem importância. Tudo pensado da cabeça do Homem. E para quê? Para que o Homem não tivesse mais de se dar ao trabalho de usar a sua própria cabeça para pensar. O ser humano é tão inteligente que se quer tornar estúpido à força, confiando nas suas invenções para sobreviver, ignorando o instinto que tão bem tem servido a todos os outros animais. Carneiros seguindo outros carneiros. Apaixona-me o facto de existirem pessoas que não conseguem sobreviver sem a sua telenovela, farto-me de rir quando reparo que TODA cantarola alegremente pela rua o último Euro-Dance-Lixo do momento, espanto-me com a quantidade de gente que leva as mãos à cabeça de cada vez que aparece uma gaivota morta num jornal, tremendo como varas verdes só de ouvir a frase "gripe das aves". E, ao mesmo tempo, todo este cenário me deprime, e dou por mim a pensar que para isto mais valia termos continuado a ser macaquinhos como no início.

O livro que vos trago este mês chama-se Como Me Tornei Estúpido.



Como Me Tornei Estúpido foi escrito por um promissor jovem Francês de seu nome Martin Page. Aqui conta-se a história de Antoine, um estudante de Aramaico demasiado inteligente para ser compreendido pelos outros e, consequentemente, ser feliz. Na sua infelicidade, decide tornar-se estúpido para conseguir a aceitação do mundo. Assim sendo, decide tornar-se alcoólico, mas entra em coma ao fim do primeiro copo. Tenta o suicídio, mas falha redondamente. Ainda procura submeter-se a uma cirurgia para remover parte do cérebro, mas enfim consegue atingir a tão desejada estupidez através de uma maneira surpreendente que não contarei aqui para não estragar a surpresa a quem possa vir a ler esta obra.

Surreal, bem humorado e inteligente, Como Me Tornei Estúpido é um triste retrato da sociedade moderna que exige a estupidez e massificação como modo de vida, votando ao ostracismo quem dá uso à sua massa encefálica. Em Portugal, foi editado pela ASA.

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