meta name="robots" content="noindex" /> Contraculturalmente: outubro 2005



OUTROS CULTOS 5: VIOLÊNCIA NOS VIDEOJOGOS

segunda-feira, outubro 31, 2005
Na secção Outros Cultos deste mês trago-vos uma peça sobre a violência nos jogos de computador, assinada por uma das raparigas mais viciadas em entretenimento informático que conheço (e provavelmente a minha amiga mais old-school), a Didi. Actualmente a residir no Canadá, Didi é das maiores impulsionadoras do site GRRLGAMER, um site de videojogos escrito e mantido unicamente por mulheres. Não lhe pagam por isso, mas recebe jogos novinhos à pala, o que não é mesmo nada mau. Aproveitem e passem por lá. Obrigado por isto, amiga!


Há já algum tempo que os jogos de computador têm servido de bode-expiatório para justificar violência. Jogos de video não tornam as pessoas violentas, a violência é uma tendência própria da natureza humana. Uma vez que exemplos de violência num jogo são produtos da natureza humana, deveremos também culpar os desenhadores e produtores e rotulá-los de “pessoas violentas” de hoje em diante?

Gosto de pensar que a violência nos jogos funciona mais ou menos como terapia quando estou chateada. Canalizo as minhas frustrações a rebentar com alguém no Halo 2 ou fazendo uma corrida furiosa no Midnight Club 3 e sinto-me muito melhor.

Para mais, é entretenimento. A violência não é a razão pela a qual jogamos; jogabilidade, enredo e durabilidade sim. E não, nem toda a gente joga GTA para se meter no carro com uma prostituta nem para matar o estereótipo que mais odeiam. Há jogadores que se concentram mesmo em completar todas as missões existentes, enquanto que a violência representa um papel secundário.

Mas mesmo assim, é divertido fazer certas coisas num jogo que nunca sonharíamos fazer na vida real. Não é para isso que eles servem? Não se magoa ninguém, só estamos a disparar contra uma tonelada de pixels, sendo o objectivo do jogo unicamente a diversão do jogador, desligando-o da realidade por breves momentos.



Infelizmente algumas pessoas têm dificuldades em separar o virtual e o real. É por isso que nem toda a gente pode jogar todos os jogos. É também por isso que os jogos são agrupados em classificações.

Quando comprei o Halo 2, foi-me pedida identificação para verificar a minha idade. A empregada disse-me que tinha de se certificar de que eu tinha mais de 18 anos devido à classificação deste jogo. Mas depois vem o Senhor Pai com o respectivo filho (provavelmente com menos de 10 anos) a perguntar “Compras-me o Halo 2?” e ninguém parece importar-se que será o pequenote que o irá jogar. Que ironia...

Quero dizer, obrigado por pensar que tenho menos de 18 anos. Por mim tudo bem, significa que quando tiver 40 vou parecer que tenho 31. Mas ver um adulto comprar o jogo para uma criança e ninguém dizer “Desculpe, este jogo foi classificado para maiores de 18 anos e não podemos vendê-lo porque o seu filho é menor” está simplesmente errado! Controlar quem compra os jogos e para quem deveria ser uma prioridade, mas isso revela-se virtualmente impossível...



Os pais que compram estes jogos para os seus filhos são os mesmos pais deixam as suas filhas irem à escola vestidas com roupas ordinárias e com demasiada maquilhagem (já vi meninas bastante novas usando mais maquilhagem do que eu alguma vez usei em toda a minha vida). Nestes casos, não só as crianças precisam de ser educadas como também os pais.

Portanto, não me venham dizer que tenho mais predisposição para matar alguém só porque jogo Halo 2. Jogos de computador não tornam as pessoas violentas. Charles Manson nunca jogou Halo 2. Por cada pessoa que matou alguém e se desculpou com um videojogo, há milhares que mataram muitos e nunca jogaram nada na sua vida inteira!

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FILME DE CULTO 5: PLAN 9 FROM OUTER SPACE

segunda-feira, outubro 24, 2005
O Contra-Culturalmente Falando apresenta... O PIOR FILME DO MUNDO!



O realizador Ed Wood Jr. sempre me fascinou. Devoro documentários sobre a sua pessoa, adorei a película biográfica que o mestre Burton elaborou, e cheguei a ver o seminal filme Bride of the Monster na Tv2, totalmente desprevenido, sem qualquer aviso por parte da programação do canal. Ed Wood Jr., o pior realizador da história do cinema (como ficou conhecido para a posteridade) era uma personagem excêntrica que gostava de realizar os seus filmes vestido de mulher, filmando tudo ao primeiro take para poupar fita, e reciclando imagens de arquivo atrás de filmagens de arquivo para “tapar buracos”. Na altura, era visto como um louco... Hoje em dia, é visto como um herói da contracultura!

No mês passado, desloquei-me ao auditório do IPJ de Faro, onde passou o Plan 9 From Outer Space! Por mais preparado que fosse, já esperando um filme terrível onde choraria a rir, nunca esperei sair daquela sala de cinema tão chocado e baralhado como saí. O filme é mau. É impossível traduzir por palavras o quão mau o filme é. Não é à toa que este é considerado o pior filme de todos os tempos...

Plan 9 From Outer Space (1959) o filme visionário que marcou a morte artística do seu realizador, já foi dissecado, esventrado, analisado e ressuscitado pelo menos um milhão de vezes ao longo dos anos. Aqui neste blog fica a milionésima primeira dissecação...

O enredo: Um grupo de extraterrestres resolve atacar a terra! E o seu ataque consiste em trazer de volta um exército de mortos (três...) para aterrorizar os vivos e fazer com que o governo dos Estados Unidos da América (claro!) reconheça a sua existência! É isso! Os extraterrestres não são mal intencionados, eles desejam apenas existir!



Cabe a um piloto do avião, a um inspector da polícia e ao general responsável pelo gabinete de prevenção contra ataques extraterrestres (what?) a missão de dar cabo do canastro aos aliens, que no fundo, são pessoas como nós, mas vestidas com fatos espaciais bem catitas... Depois... Bem, depois vejam o filme! É verdadeiramente impossível apontar todos os defeitos aqui. São campas e árvores derrubadas ao toque, são carros que viajam tão rápido que se transformam em outros carros totalmente diferentes da noite para o dia (ou de uma cena para outra), são mortos-vivos com dificuldade para se erguerem das suas campas... Enfim, um verdadeiro mimo!

A película começa com um funeral. Bela Lugosi, naquele que seria o seu último filme (ao todo, filmou 3 cenas para o filme inteiro antes de falecer, cenas essas recicladas uma, duas, três, quatro, dez vezes... Sendo depois substituído por um actor que, não sendo sequer parecido com Bela, surge sempre com uma capa a tapar a sua cara), chora a morte da mulher. Depois, um corte radical. Dois pilotos levam o seu avião para o aeroporto, às 4 e meia da manhã... Os pilotos falam, conversa de chacha, blá blá blá, e depois mostra-se o avião a voar em pleno dia... Pelos vistos, a manhã começa bem cedo nos Estados Unidos... Subitamente, três Ovnis de plástico presos por fios iniciam um ataque ao avião... E... De repente... Já é de noite outra vez?

Todas as cenas do filme alternam entre noite e dia sem aviso prévio. Pela conversa entre as personagens, depreende-se que toda a acção decorre numa noite bem negra... Do género “São 2 da manhã, é melhor irmos para casa porque está escuro”, enquanto o sol brilha no horizonte! É aqui que Plan 9 From Outer Space descamba para o ridículo!

O argumento é mau. Mal escrito, mal interpretado, mal tudo! O narrador tem tanta noção de timing como uma parede. Aqui fica a citação do monólogo inicial:



“Greetings, my friend. We are all interested in the future, for that is where you and I are going to spend the rest of our lives. And remember, my friend, future events such as these, will effect you, in the future. You are interested in the unknown. The mysterious. The unexplainable. That is why you are here. And now for the first time, we are bringing to you, the full story of what happened on that fateful day. We are giving you all the evidence, based only on the secret testimony of the miserable souls who survived this terrifying ordeal. The incidents. The places. My friend, we can not keep this a secret any longer. Let us punish the guilty. Let us reward the innocent. My friend, can your heart stand the shocking facts about grave robbers from outer space?"

Plan 9 From Outer Space pode ser encontrado na Fnac, na secção de importação, incluído numa caixa com toda a filmografia de Ed Wood Jr.! O preço não é nada simpático, mas vale bem a pena... Ou então não vale a pena e é dinheiro mal gasto... Ainda estou demasiado baralhado para me decidir...



Trailer:

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MÚSICA DE CULTO 5: ELLIOTT SMITH

sexta-feira, outubro 21, 2005
Quem me conhece pessoalmente, já esperava por este post. Ainda assim, não deixa de ser particularmente difícil para mim escrever sobre um dos meus tesouros mais bem guardados, a música de Elliott Smith...



Nascido Steven Paul Smith em 1969, Elliott foi um dos mais acarinhados cantores folk do século XX, e ao mesmo tempo o mais injustamente esquecido. A sua carreira musical começou nos Heatmiser, uma banda pós-grunge com forte incidência na distorção e nas guitarras eléctricas. Daí que o primeiro album a solo de Elliott Smith (intitulado Roman Candle) tenha causado alguma surpresa entre os seguidores daquela banda, por trocar a electricidade pela velhinha guitarra acústica. O Lo-Fi e a candura na sua voz representam os primeiros albuns do cantor, verdadeiros diamantes escondidos numa produção deficiente.

Elliott Smith saiu da obscuridade mais ou menos em 1997, quando o realizador Gus Van Sant resolveu incluir algumas das composições no filme O Bom Rebelde, valendo a Smith o reconhecimento internacional e a nomeação para um Oscar pela música Miss Misery.

Seguiu-se um contrato com a Dreamworks, do qual resultaram albuns mais ambiciosos, ultra-produzidos e belíssimos, ainda que um bocadinho difíceis de apreciar para alguém com o ouvido destreinado. Elliott Smith entrava numa fase infantil, de um músico a transbordar de talento com uma guitarra de caixa a cair de podre que se deixa deslumbrar por um estúdio cheio de instrumentos, e que não descansa enquanto não os experimentar a todos. Oiçam a Waltz #2, do album XO, e observem como se transforma uma valsa numa canção pop sem mácula, por exemplo.

Quer os seus primeiros albuns, quase totalmente acústicos, quer os seus mais recentes trabalhos, mais orquestrais, valem a escuta atenta. Porém, não podendo dar especial destaque a todos os 6, saliento o Either/Or, aquele que considero o album introdutório perfeito para um ouvinte novo de Elliott Smith.



Either/Or, o terceiro registo, é uma album de transição. A guitarra acústica está lá, mas já se começam a ouvir guitarras eléctricas, baixo e bateria nalguns temas. A postura recatada encontra-se presente, a delicadeza da sua melodiosa voz é algo de outro mundo e Elliott Smith prova aqui de uma vez por todas o seu valor como escritor de canções! Quase todos os dias oiço este album, e continuo sem me cansar dele... Destaque para Say Yes, Angeles e aquela que considero a minha música preferida de todos os tempos (por várias razões que não mencionarei aqui), Between The Bars...

A maior parte dos trabalhos de Elliott Smith podem ser encontrados na Fnac. Ironicamente, a sua obra mais recente, From A Basement on a Hill, provavelmente será a mais difícil de encontrar. Mas ela anda por aí. Procurem-na bem.

Elliott Smith faleceu precisamente há 2 anos, nesta data. Foi genuinamente uma boa pessoa, para além de um excelente músico. Espero ter conseguido homenageá-lo decentemente. Rest peacefully, old friend...



Video: Angeles

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BD DE CULTO 5: DEATH Jr.

quarta-feira, outubro 12, 2005
Death Jr , o filho do Grimm Reaper, é um bom miúdo, que gosta de estar com os amigos e nunca se mete em confusões. Tudo isso muda quando, acidentalmente, liberta um mal que pode destruir tudo aquilo que lhe é querido. Cabe a si e aos seus companheiros a erradicação desse mal, antes que o seu pai descubra...



Death Jr. É uma proposta recente da Image , vindo directamente das mãos dos autores de Gloomcookie... No fundo, a personagem principal é um menino bem comportado com cara de caveira, que gosta tanto da mãe como do pai e vai à escola todos os dias... Tem como grupo de amigos Pandora, a menina gótica, Smith & Weston, os gémeos siameses, Stigmartha, a menina que sangra pelas mãos quando se enerva, e The Seep, um estudante estrangeiro sem braços e pernas que vive num jarro. O menino deseja um dia seguir as pisadas do seu pai, o responsável pela morte, mas o seu coração não consegue distinguir muito bem a diferença entre viver e morrer.

As suas aventuras são deliciosas. Death Jr., apesar de feio e de matar tudo o que toca, é ternurento e optimista em relação à vida. O humor negro está presente, é certo, mas o que sobressai nesta obra é o pensamento positivo e a alegria de viver. Outra novidade em relação a outras obras do género é a utilização de cor nas pranchas, o que torna a atmosfera muito mais leve e refrescante.

Recentemente saiu um jogo de computador alusivo a esta personagem para a nova consola da moda, a PSP. Não estando a recomendar o jogo (que não conheço), recomendo a visita ao seu site oficial. Neste site encontra-se disponível na secção de downloads o número zero desta obra (em preto e branco, ao contrário dos outros). É um livro pequeno, mas serve de aperitivo para este comic. Tirando isso, Death Jr. Só pode ser encontrado em lojas de BD de importação, até ver.

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LITERATURA DE CULTO 5: THE STORY OF FERDINAND

quarta-feira, outubro 05, 2005
Era uma vez um touro chamado Fernando, que vivia em Espanha. Todos os pequenos touros com quem Fernando vivia corriam e saltavam e batiam com a cabeça uns nos outros, mas não o Fernando. Ele preferia sentar-se calmamente e cheirar as flores.



The Story of Ferdinand é um conto infantil, escrito por Munro Leaf e magistralmente ilustrado por Robert Lawson. Através de um vocabulário simplista, Leaf conta a estória de Ferdinand, um touro pacifista que nunca se envolve em lutas e disputas de território próprias da espécie, preferindo sentar-se de baixo de um carvalho e cheirar flores durante todo o dia. Uma reviravolta no conto e Ferdinand dá por si a caminho de Madrid, para lutar numa praça de touros. Mas aí, algo inesperado acontece...

The Story of Ferdinand, apesar de parecer simplista à primeira vista, é uma grande lição de pacifismo e presença de espírito. Lá porque os touros são famosos por serem criaturas ferozes e violentas, não quer dizer que TODOS os touros sejam assim...

Por incrível que pareça, este livro, escrito em 1936, foi banido de inúmeros países de extrema-direita durante a segunda guerra mundial, como a Alemanha e Portugal. Entretanto, veio a revolução dos cravos, mas a obra nunca chegou ao nosso território até hoje. Assim sendo, para ler este clássico na íntegra, visitem este site.

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